A aposentadoria

 A aposentadoria

O aposentado

Por: Jabert Diniz Júnior

No dia 18 de dezembro, às desessete horas, quarenta e cinco minutos e quarenta e cinco segundos, Daniel Castro, o nutricionista mais querido da Ufopa, esteve na coordenação de esporte e Lazer da UFOPA para anunciar que, naquele momento, estava se aposentando do futebol, estava pendurando a chuteira e que não participará mais dos próximos Jogos dos Servidores da Ufopa.

Estupefato, sem conseguir disfarçar o susto, Fábio Lima, o enfermeiro, que nesse momento se encontrava só na CEL, ficou literalmente de queixo caído. 

Sem entender nada daquele anúncio repentino, Lima ainda tentou demovê-lo daquela ideia que, pra ele, soava como um absurdo.

- Por que isso, agora, autoridade DanyBoy? O que lhe fizeram? Fomos nós? Perguntou Lima, com uma lágrima que teimava escorrer de seu olho esquerdo. 

"- Não, Fábio, não é nada disso, velho. A idade chegou, mano! Tenho que ser realista, tô ficando velho!".

"- Mas o senhor é diferenciado, autoridade! Sem o senhor, o campeonato da Ufopa não tem graça, vai dar uma caída! E todo aquele treinamento inovador com a liga?",  argumentou Lima.

Irredutível, o nutricionista, outrora conhecido como Hulkinho, contra-argumentou que agora tá com guri novo em casa. E que também já está sem ritmo no futebol. 

"- Não jogo mais aquele futebol que jogava quando era do futsal do Paysandu, na capital, Fábio! Só me resta, agora, ensinar tudo que aprendi sobre futebol pro meu moleque!"

Mesmo usando de toda a sua retórica, Lima não conseguiu convencer DanyBoy a desistir de tão absurda decisão. Fábio usou toda a sua lábia, buscando até recursos "Socráticos", e nada.

- Então, autoridade DanyBoy, com sua decisão já tomada, só resta à CEL realizar um jogo de despedida pro senhor. Falarei com a autoridade Jonnes e com os demais colegas, sugerindo um jogo de despedida, ao estilo dos grandes craques: Amigos de DanyBoy X Ufopa.

Emocionados, nesse momento, os dois amigos se abraçaram e, muito emocionados, não contiveram o choro. Passaram longos minutos assim, abraçados, com as lágrimas escorrendo de seus olhos e um soluço incontido.

Finalmente, depois de um tempo, com as emoções já arrefecidas, Dany se desvencilhou do abraço amigo e, sem olhar nos olhos de Fábio, com a voz embargada, se despediu e, dando as costas, foi embora.

Fábio, ainda bastante emocionado, pegou seu celular e saiu compartilhando a quem ele podia sobre a tragédia que ele acabara de testemunhar. A triste notícia,  que certamente iria chocar a toda a comunidade universitária da Ufopa. Primeiro, mandou logo para os colegas da CEL, depois para outros grupos e colegas.

Menos de cinco minutos depois toda a comunidade futebolística da ufopa ficou sabendo e, praticamente todos queriam se manifestar, bastante emocionados.

Um postou o seguinte: Sério? Não acredito! Precisamos comemorar! Outro, com certo alívio se manifestou: "Graças a Deus! Não vou mais ser obrigado a escolher ele pro meu time, ufa!". Outro atleta disse: "Era muito bom jogar com o Hulkinho, mas contra ele, claro!".

Teve um atleta que não acreditou e disse que já viu muitas presepadas de jogador que disse que parou e depois retornou ao futebol. Então, concluiu ele: "Quero que ele assine um documento, para termos certeza de que ele parou nesmo!".

Teve colega que lembrou o seguinte: "Caramba, e ele, nesses nove anos de campeonato dos servidores, fez apenas um gol!". Um servidor do Campus Rondon, comentou: "Considero esse o melhor momento do futebol do Hulkinho,  sua aposentadoria!". Por fim, um professor do ICED, suspirando, finalizou: "Foi a melhor notícia do ano!".

Pobre DanyBoy, o nutricionista da Ufopa que, além de mestre em Biociências é professor titular do CENTRO UNIVERSITÁRIO DA AMAZÔNIA. Esperamos que ele seja feliz na sua nova empreitada esportiva que, segundo ele falou, agora vai praticar o esporte da moda em Santarém, o Beach Tennis. Agora é contigo, Mário Tanaka, segura a onda.

Nota do autor: Esta é uma crônica romanceada, o que significa dizer que alguns detalhes aqui postos são ficção e tem como único propósito florear o texto, com o intuito de divertir o leitor.

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