Alter do Chão: um acidente na estrada e o socorro providencial e correto
O socorrismo e o papel do cidadão
Por Jabert Diniz Júnior - Santarém,Pa
Não faz muito tempo, um cidadão que estava indo para Alter do Chão com a família para passar o final de semana, ainda na rodovia Everaldo Martins (PA - 457), a uma certa distância, presencia um acidente entre dois carros numa curva próximo à entrada do ramal que leva para a praia de Ponta de Pedras.
Ilustração de um acidente automobilístico Fonte: imagem da Internet |
Era uma sexta-feira chuvosa, à noite, e, instintivamente, o cidadão, um advogado conhecido na cidade de Santarém, sabedor do seu dever de prestar socorro, parou rapidamente seu carro no acostamento e correu para acudir as vítimas.
Num dos carros, só havia o motorista, que lhe fez um sinal de positivo, conseguindo sair do carro meio zonzo. No outro, no entanto, o que foi atingido em cheio na lateral, havia quatro passageiros, um casal e dois jovens, seus filhos. E logo o advogado percebeu que havia pessoas feridas, sendo que uma delas, um dos jovens, apresentava um sangramento relevante no braço direito.
Marmo, o advogado, que já havia pedido para sua esposa, que estava com ele, ligar para o SAMU (192), para o corpo de bombeiros (193) e ainda para a polícia militar (190), tentou acalmar as pessoas envolvidas no acidente, até que o socorro chegasse.
Porém, a estrada começou a ficar movimentada, com muitos carros passando, para o famoso balneário paraense, tornando o trecho perigoso para as pessoas que passavam e principalmente para os acidentados. Sem contar que o jovem que apresentava ferimento estava perdendo muito sangue.
Vista aérea de Alter do Chão, o paraíso paraense Fonte: internet |
Por sorte, um outro carro encosta e seus ocupantes, dois amigos, Lima e Ogirdor descem e correm para prestar ajuda. Enquanto Lima foi rapidamente em direção ao carro com a família acidentada e, imediatamente, ao perceber o rapaz com o ferimento, pegar uma toalha limpa e iniciar uma pressão no ferimento com o intuito de estancar o sangramento, Ogirdor pegou os triângulos de sinalização dos automóveis e correu uns duzendos metros, mais ou menos, e sinalizou o local, colocando alguns galhos também, nos dois sentidos da pista para evitar uma tragédia maior.
Lima, depois de estancar o sangramento do jovem com o ferimento, conseguiu confortar e acalmar os demais integrantes da família que estavam bem nervosos. Logo, se sentiram mais seguros com os procedimentos promovidos por todos os que se prestaram a ajudar, mas, especialmente com a chegada de Lima.
Agora, mais tranquilos e com Ogirdor controlando o fluxo de carros, todos aguardaram a chegada dos profissionais que foram acionados, o que não levou muito tempo.
O primeiro a chegar foi o SAMU, que, de imediato, prestou os atendimentos ao rapaz com o ferimento e, na sequência, os demais acidentados. Os bombeiros e a PM chegaram logo em seguida e organizaram definitivamente o trânsito no local.
Impressionados com as pessoas que ajudaram a contolar aquela situação, uma capitã dos bombeiros foi agradecer aos três cidadãos que tomaram as primeiras providências, enfatizando a perfeição dos primeiros socorros prestados.
Marmo, o advogado, o primeiro a ver o acidente e parar para ajudar, falou à militar que, naturalmente, pela profissão que exerce, sabia da obrigação de qualquer cidadão em prestar socorro, enfatizando que a Constituição Federal, no artigo 227, diz que é dever da família, da sociedade e do Estado o direito à vida. E que existem órgãos responsáveis por fiscalizar e investigar possíveis casos de omissão de socorro com base no Código Civil (Lei n° 10.406/2002) e no ECA (Lei n° 8.069/1990), podendo, esses órgãos, inclusive, aplicar alguma punição que esteja baseada no que é previsto no Código Penal brasileiro (Lei n° 2.848/1940). É, Marmo, o advogado, sem a juridiquês peculiar dos doutores da lei, deu uma verdadeira aula de direito.
Ao se dirigir aos dois amigos, Lima e Ogirdor, a capitã, muito impressionada com os relatos feitos pelos envolvidos no acidente a respeito da atitude deles, perguntou como sabiam tanto como proceder diante de um caso desses.
Lima, o primeiro dos dois a falar, com muita humildade, se apresentou à militar, dizendo: - "Autoridade capitã, sou enfermeiro e também tenho a formação de técnico em enfermagem. Já rodei um pouco por alguns hospitais da região e por isso tenho um pouquinho de experiência". A jovem militar ficou encantada e queria saber mais do enfermeiro sobre esse universo do socorrismo, e Lima continuou seu relato. - "é fundamental, autoridade, que se domine e se compreenda o conceito dos primeiros socorros, que é uma prática que consiste na assistência prestada de forma imediata a alguma vítima de lesão ou doença grave fora do ambiente hospitalar, muitas vezes como um tratamento primário e provisório. Essa assistência envolve desde um simples telefonema para o serviço de emergência (que foi o que a autoridade advogado Marmo fez), até estancar um sangramento abundante. E, como já frisado também pelo nobre advogado, negligenciar indivíduos que estejam acometidos por algum trauma ou enfermidade é passível de punição por parte das autoridades responsáveis".
Magnetizada com tanto conhecimento demonstrado pelo enfermeiro, a jovem capitã de apenas vinte e cinco anos, em seguida, conversou com o outro prestador da ajuda naquela noite, Ogirdor.
Ogirdor também demonstrou ter bastante conhecimento a respeito do "socorrismo", pois se identificou como um experiente profissional de Educação Física, um conhecido personal trainer da cidade de Santarém. Disse ele à capitã: " - é obrigação de todo cidadão prestar os primeiros socorros a qualquer indivíduo que sofra alguma lesão ou trauma em consequência de acidentes como esse. Nesse sentido, os profissionais da saúde, mais especificamente os profissionais de Educação Física, acabam tendo uma importância muito maior, uma vez que conhecem determinadas disciplinas como anatomia, fisiologia, cinesiologia e biomecânica que os tornam capazes de lidar com essas situações. Nas aulas de educação física ou em eventos esportivos, por exemplo, existe grande incidência de acidentes que são inerentes à prática de exercícios. Diante disso, o profissional de educação física deve estar capacitado e preparado para lidar com situações dessa natureza".
Diante dos relatos das três personagens desse episódio de "socorrismo", com final feliz, a jovem capitã do corpo de bombeiros, sentindo-se realizada por ter prestado seus relevantes serviços, juntamente com a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), em nome da corporação, agradeceu ao advogado Marmo, ao profissional de Educação Física, Ogirdor e, muito especialmente, ao enfermeiro Lima pela importante contribuição.
Ilustração de uma equipe de socorristas profissionais Fonte: internet |
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Naturalmente, esta é uma história fictícia de uma situação perfeitamente possível de acontecer nas estradas brasileiras. Basta acompanhar os noticiários da TV ou de outras mídias para constatar.
Com as informações trazidas nesta crônica, no entanto, é possível perceber que é dever de todo e qualquer cidadão prestar os primeiros socorros nas mais diversas situações emergenciais com as quais ele pode se deparar. Essa premissa está prevista na legislação brasileira, podendo acarretar em punições se não for cumprida.
É de extrema importância, portanto, ficar atento aos procedimentos que devem ser adotados em um contexto que necessite socorro, principalmente pra você que é um profissional da área da saúde e, teoricamente, deve possuir maior conhecimento intelectual e maior capacidade técnica do que um cidadão de outra área. Você poderá fazer a diferença em uma situação de risco de vida para outras pessoas.
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