Crônica esportiva: Regra de impedimento no futebol na era do VAR
Regra 11 do futebol: Impedimento
Na era do VAR, a quem interessa a regra de Impedimento no atual formato?
Linhas traçadas pelo VAR. Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes
Por: Jabert Diniz Júnior
"Eee o Gol…, Gooooooolllll”... “Cruel, muito cruel....”. Quando o narrador Januário de Oliveira soltava a voz desse jeito era porque, nesse momento, o árbitro já tinha olhado para o seu auxiliar (bandeirinha), acompanhando-o no deslocamento e correndo para o meio do campo, assinalando o gol por não ter havido ato irregular na jogada, segundo a percepção de ambos. Pronto, a torcida vibrava, os jogadores, eufóricos, se abraçavam e corriam para reverenciar os seus torcedores, e a emoção tomava conta do estádio. Em seguida, o time adversário recomeçava o jogo batendo novo meio de campo, porque não tinha mais o que contestar.
O principal objetivo no futebol é o gol, isso é fato e está nas regras. Isto é, as equipes se preparam estrategicamente, criam esquemas de jogo, com jogadores cada vez mais preparados fisicamente, mas, sempre, dentro de campo, o objetivo é fazer o gol. Afinal de contas, como já disse o poeta: “bola na trave não altera o placar.”
O gol é, portanto, o momento mais emocionante numa partida, é “o momento mágico do futebol”, ainda segundo Januário de Oliveira. Até porque o que determina o vencedor de uma partida é o placar favorável, ou seja, vence quem faz mais gols. Por essa razão as regras sempre foram aprimoradas para que o futebol se tornasse mais dinâmico e priorizasse o maior momento do jogo.
Porém, na era do VAR, não é isso que estamos vendo, pelo menos no Brasil. Pelo contrário, no atual momento, a gente se vê obrigado a assistir o inverso. Após o árbitro marcar o gol, vem uma discussão interminável em torno de uma situação de “impedimento”, com o intuito de provar que, por uma questão de milímetros, seja o bico da chuteira ou a ponta do cabelo do atacante à frente do defensor permita que o árbitro anule um gol “legítimo”. Assim está posta a regra, hoje.
Situação que beira o ridículo, já que, depois de a torcida vibrar de o jogador que marcou o gol comemorar efusivamente com seus companheiros, muitas das vezes, um golaço, (como o gol de placa do Rony do Palmeiras, de bicicleta, na oitava rodada do Campeonato Brasileiro 2023, aos seis minutos de jogo contra o Galo, quando o placar estava zero a zero), o árbitro precisa aguardar minutos intermináveis pela posição do VAR que, invariavelmente, sugere anular o gol (aí parece haver até um sadismo pela arbitragem do VAR), concluindo que o atleta estava impedido, frustrando tanto o torcedor em campo como o telespectador que está em casa, tirando toda a emoção do momento mágico do futebol.
Gol de placa do Rony: anulado por suposto impedimento - mais um atitude ridícula do VAR |
A grande maioria dos aficionados por futebol, no Brasil, sabe o que é a regra do impedimento. Quando um impedimento é marcado, significa que o atacante que estava na jogada não tinha condições regulares para prosseguir com ela. A punição, no entanto, somente é marcada se esse atleta tiver alguma influência no lance em curso. Isto é, se um jogador estiver em posição de impedimento, mas não participar diretamente da jogada, a partida deve prosseguir (alteraçãopositiva da regra).
A regra de impedimento do futebol é a de número 11. E ela não é nova. Ela foi criada em 1863 pela Football Association, com o objetivo de evitar um posicionamento muito próximo à área adversária, o que poderia facilitar o contra-ataque. É o que costumávamos escutar antigamente nos rádios, quando um jogador estava nestas condições, que o jogador estava de “off-side”.
“Estar na banheira” é outro termo que significa estar em impedimento, ou seja, adiantado no ataque no campo do adversário, de forma que, entre ele e a linha de fundo, haja apenas um jogador no momento em que a bola é lançada por um companheiro.
Há, porém, exceções à regra do impedimento. São os casos de lançamentos diretos de tiros de meta, arremessos laterais, cobranças de escanteios e uma situação específica que é quando o jogador que recebe o passe se encontra no campo de defesa ou quando está atrás da linha da bola.
Ao longo dos anos, a regra passou por reformulações até chegar ao modelo utilizado nas partidas atualmente. A ideia foi, portanto, garantir dinamicidade a partida, incentivando a competitividade, as jogadas estratégicas e as habilidades dos jogadores.
A questão é: com o condicionamento dos jogadores cada vez mais aprimorado; com alterações nas regras do futebol que deixaram futebol atual mais dinâmico e veloz, onde não se vê grande vantagem de um jogador ficar parado, “na banheira”, a regra do impedimento ainda é necessária? Por que as mídias convencionais não trazem esse tema para um debate? Será que interessa a alguém emperrar o momento mais emocionante e o principal objetivo do jogo de futebol que é o gol? E o VAR, até onde pode interferir?
Então, na minha opinião, e é apenas a minha opinião, a regra 11 do futebol ainda é necessária, porém, ela deve ser aprimorada para valorizar o gol (e não o contrário), o momento mais importante do futebol, o momento de maior emoção, o ato que modifica o placar, podendo dar a vitória ou possibilitar um empate para a equipe que está priorizando o ataque. Penso, porém, que o debate é necessário e urgente, para se chegue à melhor solução sobre a atuação do VAR.
Tenho absoluta certeza que cada brasileiro aficionado por futebol tem uma opinião a respeito, seja favorável ao modelo atual ou com posição contrária, ou, até tem uma brilhante solução para isso. Por isso, amigos, trago esse tema que, certamente, aflige uma grande parte de apreciadores do bom futebol mundo afora para oportunizar, também, a sua opinião, que pode ser postada neste blog. Muito obrigado por chegar até aqui e, por favor, opine, para que um dia esta realidade mude antes que o caráter lúdico do futebol vá para o espaço.
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Antes de mais nada, parabéns pelo tema abordado, pois acho que é pertinente fazer uma reflexão a respeito da regra do impedimento, haja visto tantos casos polêmicos nos últimos tempos. Dito isso, gostaria de colocar uma breve opinião a respeito do assunto. O futebol no meu entender, deve preservar dois pilares, que são: o gol e a justiça.Dessa forma a regra do impedimento vem para preservar o resultado justo. Porém, a valorização do excesso de rugir ultra milimétrico, tm tirado o brilho da partida, pois não acredito que nesse tipos de caso, haja uma vantagem deliberada. Forte abraço e continue a escrever esses conteúdos autoridade.
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