Sensações
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Um retrato da sensação de felicidade de tomar banho no rio. |
Jabert Diniz Júnior
Há sensações que ninguém consegue explicar. Às vezes, nem conseguimos expressá-las, de tão maravilhosas que são.
Aprender a andar de bicicleta, por exemplo, foi uma das minhas experiências mais incríveis. Lembro como se fosse ontem. Era um sábado de setembro 1974, mais precisamente, no dia 06. Tínhamos duas bicicletas Monaretas que havíamos ganhado no natal passado: uma vermelha e outra azul. Elas serviam para os quatro filhos homens - nós éramos quatro homens e duas mulheres.
Eu já tinha seis anos. E nas conversas com a molecada, dizia sempre que quando aprendesse a andar de bicicleta, eu iria "rodar" a cidade toda.
Nesse dia, na rua de casa - a rua Coaraci Nunes -, Rute, filha da dona Teresa Cumba, uma amiga nossa que trabalhava em casa, corria, segurando a bicicleta pelo selim, enquanto eu pedalava. E, em determinado momento, olhei rapidamente pra trás, vi que ela não segurava mais a bicicleta, tinha me soltado.
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Rua Coaraci Nunes, Alenquer-Pará com indicação de onde ficava nossa antiga casa. |
Já havia passado pelo Cine Ideal e estava passando em frente à casa do meu amigo Joaquim, filho do seu Haroldo Silva e da dona Maria do Céu, quase chegando no canto do seu Antonico Valinoto.
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Rua Coaraci Nunes, Alenquer-Pará |
Amigo, pense numa sensação de felicidade, e medo também. Aquilo, pra mim, era uma conquista incrível. Nesse momento, levei meu primeiro tombo andando de bicicleta. Por sorte, as ruas eram de terra. Ainda assim, dona Eliete não aliviou: toma-te merthiolate depois.
Mas, foi a partir daí que "ganhei o mundo" e passei a conhecer, de fato, os outros bairros da minha cidade. Foi a partir do dia que aprendi a andar de bicicleta que eu "conquistei minha liberdade" rs. A sensação desse dia? Indescritível!
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Monareta semelhante à que me deu minha "liberdade". |
Quando criança naquele tempo, no entanto, várias coisas nos faziam ter sensações maravilhosas. E eram coisas simples, não custavam nada.
Tomar banho na chuva, que bobagem, não é? Não! Tomar banho na chuva era simplesmente maravilhoso. Quando o "Velho" deixava a gente tomar banho naquela chuva torrencial da tarde, nós quatro (irmãos) e mais uma penca de moleques do bairro vivíamos como se fosse o "último dia. Corríamos pela rua, íamos par baixo das biqueiras das casas. Era muito emocinante.
É tão gostoso tomar banho na chuva, que seu Omar Arrais (91), pai do Aníbal, outro amigo de infância, ainda hoje, junto aos seus netos e bisnetos, de vez em quando, se aventura nas ruas de Alenquer, quando cai um daqueles temporais vespertinos ximangos.
Mas, uma coisa que me deixava extasiado, era quando meu pai nos deixava "tomar banho na beira" (no rio Surubiú). Mano, isso não era uma coisa corriqueira, não. Se o Velho soubesse que tínhamos ido para o rio sem a autorização dele, era "taca", na certa.
O Velho tinha suas razões, pois já morrera muitos garotos afogados no rio Surubiú.
Porém, com a devida autorização e o devido cuidado, a gente experimentava uma das melhores sensações do mundo.
Determinadas vezes, uma vez por mês, pelo menos, vô Zé Hage, para nos convencer a cortar cabelo, até negociava com o papai para ele deixar a gente ir tomar banho de rio.
Autorização dada, a gente corria com a maior satisfação, para o barbeiro seu Alípio - pai do amigo Alipinho -, que ficava em um boxe do Mercado Municipal, já pertinho do rio, que estava cheio.
De lá mesmo, da barbearia do seu Alípio, o destino era o Porto da Virgília, ali, no final da "Rodafrente", ou o trapiche do seu Ivan Nunes. Então, amigo, aí é só viajar no tempo e imaginar que sensação maravilhosa!
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Caríssimo leitor, caso tenha gostado da historinha, já sabe, COMPATILHE com os amigos e, se desejar, deixe seu comentário. Já tomou um banho na chuva ou um banho de rio? Que lembranças suas lhes trazem sensações de felicidade?
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Tempos maravilhosos que estão nas nossas lembranças, é muito bom recordar 😍
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