Ximango fora do "ninho"
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Alenquer-Pa Fonte: https://portalamazonia.com/ |
Jabert Diniz Júnior
Que alenquerense é caboco bairrista, disso ninguém duvida. Se algum sujeito de fora falar mal de Alenquer na frente de um ximango, Humm, é capaz de dar briga. Porém, quando está reunida uma turma de alenquerenses, aí pode rolar umas zoeiras que tudo vira motivo de piadas e de risos... desde que quem faça a zoação seja um legítimo ximango, ai, ai, ai...
Suponho que a sua cidade, especialmente se for uma cidadezinha interiorana, tenha muitas histórias um tanto mirabolantes. Histórias verdadeiras, ou estórias, as inventadas, ou distorcidas, pela imaginação criativa e irôncia, típica de brasileiros. Histórias ou estórias de vizagem, de política, de apelidos, etc.
Alenquerenses que residiam na capital, então, quando se reuniam em Belém do Pará, longe da sua cidade natal, cada um queria contar uma presepada de sua terrinha, dar as suas próprias versões das piadas da terra. Ximango pode tirar sarro de sua terra natal. Somente ximango. Mas, ai de quem não fosse de lá e ousasse falar mal de Alenquer... Ih, rapá, podia até dar... "borrada".
Lá pelo idos dos anos 1984, os alenquerenses tinham uma associação, na capital, que tinha a finalidade de fazer festas e reunir mensalmente o povo ximango que morava na Cidade das Mangueiras. Chamava-se AFAAL - Associação dos Filhos e Amigos de Alenquer e era dirigida por grandes e tradicionais cidadãos ximangos. E que festas promovia a AFAAL, diga-se de passagem.
E numa das reuniões festivas da AFAAL (que no início funcionou na Associação dos Engenheiros Agrônomos do Pará, ali na avenida Alcindo Cacela, próximo à rua Boaventura da Silva), uma turma de ximangos misturados com amigos belemenses, estavam numa rodada grande. Já tinham juntado umas cinco mesas da Cerpa. A festa tava boa demais. Tinha até música ao vivo.
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Associação dos Engenheiros Agrônomos do Pará - Belém-Pa, local das primeiras reuniões daAFAAL. Fonte: Google Earth |
Era muita confraternização: E era "parente pra cá, parente pra lá", abraços, e: "há quanto tempo, rapá!". Muita conversa, danças, paqueras, muita cerveja e comidas típicas, como: bolinho de piracuí, maniçoba, croquete, tacacá, pato no tucupi, até acarí assado rolava.
A festa estava repleta de ilustres alenquerenses da velha e da jovem guarda com esposas, filhos e até netos, como: João Bezerra e sua inseparável esposa dona Dione, Janari Valente, Andrade, Patriarca, dr. Cláudio Martins, Jaburara, Benedicto Monteiro, Simões, Etério Teixeira, Max Fima, Renato e Mário Bezerra, Roberto, Tarcísio e Ruth Mesquita, Sílvio Leite, José Jorge (Barriga), Gilmar e Hailton Teixeira, Severino e Celso Cordeiro e muitos outros ximangos residentes há muitos anos na capital paraense.
Ximango, na capital, adorava falar de sua cidade, só para matar a saudade de sua terra querida. Também queria propagar aos amigos de Belém que sua cidade era divertida e festeira. Mas, ai de algum belemense que resolvesse achincalhar com nossa terra natal... hummmm, era intriga na certa.
- Escuta essa, parente: Tinha uma manifestação em frente à prefeitura de Alenquer. O prefeito, em reunião com seus secretários, quis saber a razão das reclamações. O secretário de infraestrutura, falou que as bombas d'água não estavam dando conta de mandar a água para a grande sisterna do Cruzeiro porque ficava num lugar muito alto. "É a Lei da gravidade que não deixa, parente!".
- O prefeito, muito invocado, e com muita autoridade, ordenou: "Então revoga logo essa lei, parente!". Aí, o secretário, sujeito muito culto, corrigindo o prefeito, respondeu: "Não dá, parente, é Lei Federal!".
Risada geral. Em seguida, outro conterrâneo já emendava:
- Esse mesmo prefeito, no dia do centenário de Alenquer, (em 10 de junho de 1981), aproveitando que o aniversário da cidade é no período da festa do padroeiro, entregou uma estátua de bronze de Santo Antônio como presente para a matriz do nosso protetor maior.
- Mas, no meio daquele mundaréu de gente, um gaiato gritou: "Prefeito, o senhor devia trazer uma banda de Belém pra tocar aí em cima do clíper..." O prefeito, sem perder a pose, respondeu: "Pode deixar, parente, no próximo centenário a gente traz!"
Eu sei uma do prefeito, falou outro alenquerense.
- Esse mesmo prefeito, no final de mês foi avaliar a folha de pagamento da prefeitura que o contador apresentou pra ele. Olhando aqueles números, meio brabo, falou pro funcionário que aquela folha de pagamento estava errada.
- Mas o que está errado, prefeito?, perguntou o funcionário.
- Quem é esse funcionário chamado Tótal,que ganha mais do que eu?
"Pata que los paraus". Tinha alenquerense que não conhecia essa. E riam muito com as piadas ximangas. Mas, só alenquerense podia tirar sarro com Alenquer, só alenquerense, ouviu?
Outro ximango veio com essa: E Alenquer é a terra dos contrastes. Olha só:
o "Bicho do Fundo" mora na serra;
o "Poeira" lava carro;
o "Boto" morreu afogado;
"Dona Jovem" é bem velhinha;
o "Metralha" é segurança do banco;
A presidente do clube de mães não tem filhos;
Os Valentes são... são pacíficos;
Seu General nunca foi militar...
Seu Apóstolo é ateu;
E a festa da AFFAL, na cidade das Mangueira, ia assim, divertida até altas madrugadas, com muita bebida, comidas típicas, danças, namoros e com muitas piadas da terrinha. Mas, era só para matar a saudade de quem morava na capital paraense. E só podiam ser contadas por legítimos alenquerenses... já sabe.
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Parafraseando Paulinho Gogó: "Quem não tem dinheiro, conta história!"
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